Por que os Estados Unidos são o país mais bem-sucedido do mundo?
Porque são um país que resolveu o problema da miséria e da estagnação econômica, ao contrário do Brasil?
O segredo americano, e que você jamais encontrará
em nenhum livro de economia, é que os Estados Unidos
são um país bem administrado, um país administrado por profissionais.
Dezenove por cento dos graduados de universidades americanas são formados em administração.
Administração é a profissão mais frequente, e portanto a que dá o tom ao resto da nação.
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Engenheiros fazem MBA, advogados fazem MBA, economistas como Michael Porter fazem MBA, o que os tornam pessoas que conseguem tirar projetos do papel.
Como eles se encontram finalmente juntos numa sala da aula, criam empresas das mais variadas, do que escritorios de advocacia, consultorias de economia, e escritórios de engenharia.
Infelizmente, o Brasil nunca foi bem administrado.
Sempre fomos "administrados" por profissionais de outras áreas, desde nossas empresas até o governo.
Até recentemente, tínhamos somente quatro cursos de pós-graduação em administração, um absurdo!
De 1832 a 1964 a profissão mais frequente no Brasil era a de advogado, e foi essa a profissão que exerceu a maior influência no país.
Tanto que nos deu a maioria de nossos presidentes até 1964.
A revolução de 1964 acabou com a era do advogado e a legalidade.
A maioria dos advogados, engenheiros, sociológos e administradores se recusaram a colaborar com a Ditadura Militar e infelizmente fomos traídos pelos economistas, que assumiram a maioria dos postos da ditadura. Fazenda, Planejamento, Banco Central, BNDES, e conseguiram quase monopólio que dura até hoje.
Nos próximos dez anos achei que tudo isto lentamente mudaria. O Brasil já tem 2.300 cursos de administração, contra 350 em 1994.
Estamos logo depois dos Estados Unidos e da Índia.
Administração já é hoje a profissão mais frequente deste país, com 18% dos formandos.
Antes, nossos gênios escolhiam medicina, direito e engenharia. Agora escolhem medicina, administração e direito, nessa ordem.
Há dez anos tínhamos apenas 200.000 administradores, e só 5% das empresas contavam com um profissional para tocá-las.
O resto era dirigido por "empresários" que aprendiam administração no tapa. Como o Sandoval do Panamericano e seu livro "Aprendendo Fazendo". O custo de aprendizado quebrou o banco.
Por isso, até hoje 50% das empresas brasileiras quebram nos dois primeiros anos e metade de nosso capital inicial vira pó. E por isto os juros são caros, a inadimplência é elevada.
O que o aumento da participação dos administradores na gestão das empresas significará para o Brasil?
Uma nova era que poderia ser muito promissora.
Finalmente poderíamos ser administrados por profissionais, e não por amadores.
Daqui para a frente, 75% das empresas poderiam não quebrar nos primeiros quatro anos de vida, e nossos investimentos poderiam gerar empregos, e não falências.
Em 2011, teremos 2 milhões de administradores formados, e se cada um empregar vinte pessoas haverá 40 milhões de empregos novos. Será o fim da exclusão social.
Administradores nunca foram ouvidos por políticos e deputados nem concorriam a cargos públicos.
A maioria dos nossos ministros e governantes aprendiam administração no próprio cargo, errando a um custo social imenso para a nação.
Foi-se o tempo em que o mundo era simples e não havia necessidade de ter um curso de administração para ser um bom administrador.
Não quero exagerar a importância dos administradores, mas somente lembrar que eles são o elo que faltava.
Ordem não gera progresso, estabilidade econômica não gera crescimento de forma espontânea, sempre há a necessidade de um catalisador.
Não será uma transição fácil, pois as classes dominantes não aceitam dividir o poder que têm. Os economistas não vão largar o poder de 50 anos to fácil. Tivemos dois economistas como candidatos em 2010, teremos mais dois economistas candidatos em 2014, Aécio e Dilma.
Administradores têm pouco espaço na imprensa para defender suas ideias e soluções.
Em pleno século XXI, eu era um dos raros administradores com uma coluna na grande imprensa brasileira a Veja, e mesmo assim mensal, e foi por pouco tempo. Fui substituido por um economista que deixou o governo com 10.000% de inflação anual.
Peter Drucker desde 1950 tinha uma coluna semanal em dezenas de jornais americanos, ele e mais trinta gurus da administração.
Administradores têm outra forma de encarar o mundo.
Eles lutam para criar a riqueza que ainda não temos.
Economistas e intelectuais lutam para distribuir a pouca riqueza que conseguimos criar, o que só tem gerado mais impostos e mais pobreza.
Se esses 2 milhões de jovens administradores que vêm por aí ocuparem o espaço político que merecem, seremos finalmente um país bem administrado, com 500 anos de atraso.
Desejo a todos coragem e boa sorte. A oposição será enorme, e não somente dos economistas.
Tem muita gente interessada num país mal administrado, onde é mais facil corromper e ser corrompido.
Este texto foi elaborado por: Stephen Kanitz e está disponível em:
http://blog.kanitz.com.br/a-era-do-administrador-.html
quinta-feira, 26 de maio de 2011
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Você Conhece o Japão? Será?
Martin Fackler – Memuro (Japão)
Satomi Sato, uma viúva de 51 anos, sabia que teria dificuldades para criar uma filha adolescente com os menos de US$ 17 mil por ano que ganhava em dois empregos. Mesmo assim, ela ficou surpresa no ano passado, quando o governo anunciou pela primeira vez uma linha oficial de pobreza –e que ela estava abaixo dela. “Eu não quero usar a palavra pobreza, mas certamente sou pobre”, disse Sato, que trabalha nas manhãs preparando almoços embalados e nas tardes entregando jornais. “A pobreza ainda é uma palavra muito incomum no Japão.”
Após anos de estagnação econômica e aumento da desigualdade de renda, este país antes orgulhosamente igualitário está despertando tardiamente para o fato de que possui um número grande e crescente de pobres. A revelação pelo Ministério do Trabalho, em outubro, de que quase um entre cada seis japoneses, ou 20 milhões de pessoas, vivia na pobreza em 2007, espantou o país e provocou um debate sobre os possíveis remédios que apenas se inflamou de lá para cá. Muitos japoneses, que se agarram ao mito popular de que seu país é uniformemente de classe média, ficaram ainda mais chocados ao ver que o índice de pobreza no Japão, em 15,7%, era próximo do número da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de 17,1% para os Estados Unidos, cujas gritantes desigualdades sociais foram por muito tempo vistas com escárnio e compaixão aqui. Mas talvez igualmente surpreendente tenha sido a admissão por parte do governo de que vinha mantendo as estatísticas da pobreza em segredo desde 1998, enquanto negava que havia um problema, apesar das evidências ocasionais do contrário. Isso acabou quando um governo de esquerda, liderado pelo primeiro-ministro Yukio Hatoyama, substituiu no ano passado o Partido Liberal Democrata que governou por muito tempo, com a promessa de forçar os burocratas lendariamente sigilosos do Japão a serem mais transparentes, particularmente em relação aos problemas sociais, disseram autoridades do governo e especialistas em pobreza. “O governo sabia do problema da pobreza, mas o estava escondendo”, disse Makoto Yuasa, chefe da Rede Antipobreza sem fins lucrativos. “Ele tinha medo de enfrentar a realidade.”
Seguindo uma fórmula internacionalmente reconhecida, o ministério estabeleceu uma linha de pobreza em cerca de US$ 22 mil por ano para uma família de quatro, metade da renda média de um lar do Japão. Os pesquisadores estimam que a taxa de pobreza do Japão dobrou desde o colapso dos mercados de imóveis e ações do país no início dos anos 90, provocando duas décadas de estagnação de renda e até mesmo declínio. O anúncio pelo ministério ajudou a expor um problema que os assistentes sociais dizem ser facilmente ignorado no Japão relativamente homogêneo, que não possui as altas taxas de criminalidade, a decadência urbana e as divisões raciais dos Estados Unidos. Especialistas e assistentes sociais dizem que os pobres do Japão podem ser difíceis de serem apontados, porque eles se esforçam para manter a aparência do conforto da classe média. Poucos japoneses empobrecidos parecem dispostos a admitir seu apuro, por temor de serem estigmatizados. Apesar de pouco mais da metade das mães solteiras do Japão, como Sato, serem pobres – uma proporção mais ou menos semelhante à dos Estados Unidos – ela e sua filha, Mayu, 17 anos, não medem esforços para esconder sua carência. Elas exibem sorrisos, ela disse, mas “choram por dentro” quando amigos ou parentes conversam sobre férias, um luxo que elas não podem arcar. “Dizer que somos pobres chamaria a atenção, então eu prefiro esconder”, disse Sato, que mora em um projeto habitacional nesta pequena cidade cercada por terras agrícolas planas, sem árvores, que lembram o Meio-Oeste americano. Ela disse que já tinha pouco dinheiro antes de seu marido, um operador de maquinário de construção, ter morrido de câncer de pulmão há três anos. Ela disse que as dificuldades da família começaram no final dos anos 90, quando o declínio econômico piorou aqui na ilha de Hokkaido, no norte, como aconteceu em grande parte do Japão rural. Mesmo com dois empregos, ela disse que não pode pagar uma consulta médica ou comprar os medicamentos para tratamento de uma série de problemas de saúde, como tontura e dores nas juntas. Quando sua filha precisou de US$ 700 para comprar uniformes escolares e se matricular no colégio no ano passado, uma exigência comum aqui, ela economizou para isso reduzindo suas refeições para duas por dia.
Especialistas em pobreza consideram típico o caso de Sato. Eles dizem que mais de 80% daqueles que vivem na pobreza no Japão fazem parte da chamada classe trabalhadora pobre, que recebem baixos salários, têm empregos temporários sem nenhuma segurança e poucos benefícios. Eles geralmente têm dinheiro suficiente para comer, mas não para realizar atividades normais, como jantar fora com os amigos ou ir ao cinema. “A pobreza em uma sociedade próspera geralmente não significa dormir em trapos no chão”, disse Masami Iwata, uma professora de bem-estar social da Universidade Feminina do Japão, em Tóquio. “Essas são pessoas com celulares e carros, mas que estão cortadas do restante da sociedade.” Anos de desregulamentação do mercado de trabalho e concorrência com os baixos salários da China provocaram uma proliferação de empregos mal remunerados no Japão, dizem os economistas. Além disso, esses empregos costumam não ser cobertos pela rede de segurança social ultrapassada, criada décadas atrás como um último recurso, em uma era em que a maioria dos homens podia esperar empregos que durariam a vida toda. Isso abriu uma enorme fenda na qual caíram milhões de japoneses. Um deles foi Masami Yokoyama, 60 anos, que perdeu o emprego que teve durante toda sua vida há uma década, enquanto lutava com a depressão após um divórcio. Ele teve uma série de empregos de baixa remuneração até três anos atrás, quando acabou virando um morador de rua de Tóquio. Ainda assim, as autoridades de bem-estar social da cidade rejeitaram três vezes seu pedido, porque ele ainda era um homem capaz. “Assim que você cai no Japão, não há ninguém para aparar sua queda”, disse Yokoyama, que finalmente obteve uma ajuda limitada do governo e encontrou um emprego de meio período como vigia noturno.
Ganhando grande atenção aqui estão as estatísticas que mostram que uma entre sete crianças vive na pobreza, um motivo para o novo governo ter prometido oferecer uma ajuda mensal de US$ 270 por criança e cortar o custo do ensino médio. Ainda assim, os assistentes sociais dizem que temem que os pobres não conseguirão pagar pelas escolas lotadas e outras despesas para que seus filhos possam competir no sistema de educação de alta pressão do Japão, os relegando a um ciclo permanente de trabalho de baixa remuneração. “Nós corremos o risco de criar uma classe baixa crônica”, disse Toshihiko Kudo, um membro do conselho da Ashinaga, um grupo sem fins lucrativos com sede em Tóquio que ajuda crianças pobres e órfãs. Sato expressou temores semelhantes em relação à sua filha, Mayu. Mayu quer frequentar uma escola vocacional para se tornar dubladora de desenhos animados, mas Sato disse que não tem como arcar com a despesa anual de US$ 10 mil. Mesmo assim, ela permanece otimista, mesmo que resignada. Ela disse que seu maior problema é não ter ninguém com quem falar. Apesar de saber que muitas outras famílias já enfrentaram dificuldades semelhantes nesta cidade pequena, a recusa delas em admitir sua pobreza torna impossível encontrá-las. “Na cama à noite, eu penso: ‘Como eu caí tanto? Como fiquei tão isolada?” disse Sato. “Mas geralmente eu tento não pensar a respeito.”
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2010/04/22/abalado-pela-crise-o-japao-enfrenta-a-realidade-da-pobreza.jhtm
Satomi Sato, uma viúva de 51 anos, sabia que teria dificuldades para criar uma filha adolescente com os menos de US$ 17 mil por ano que ganhava em dois empregos. Mesmo assim, ela ficou surpresa no ano passado, quando o governo anunciou pela primeira vez uma linha oficial de pobreza –e que ela estava abaixo dela. “Eu não quero usar a palavra pobreza, mas certamente sou pobre”, disse Sato, que trabalha nas manhãs preparando almoços embalados e nas tardes entregando jornais. “A pobreza ainda é uma palavra muito incomum no Japão.”
Após anos de estagnação econômica e aumento da desigualdade de renda, este país antes orgulhosamente igualitário está despertando tardiamente para o fato de que possui um número grande e crescente de pobres. A revelação pelo Ministério do Trabalho, em outubro, de que quase um entre cada seis japoneses, ou 20 milhões de pessoas, vivia na pobreza em 2007, espantou o país e provocou um debate sobre os possíveis remédios que apenas se inflamou de lá para cá. Muitos japoneses, que se agarram ao mito popular de que seu país é uniformemente de classe média, ficaram ainda mais chocados ao ver que o índice de pobreza no Japão, em 15,7%, era próximo do número da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de 17,1% para os Estados Unidos, cujas gritantes desigualdades sociais foram por muito tempo vistas com escárnio e compaixão aqui. Mas talvez igualmente surpreendente tenha sido a admissão por parte do governo de que vinha mantendo as estatísticas da pobreza em segredo desde 1998, enquanto negava que havia um problema, apesar das evidências ocasionais do contrário. Isso acabou quando um governo de esquerda, liderado pelo primeiro-ministro Yukio Hatoyama, substituiu no ano passado o Partido Liberal Democrata que governou por muito tempo, com a promessa de forçar os burocratas lendariamente sigilosos do Japão a serem mais transparentes, particularmente em relação aos problemas sociais, disseram autoridades do governo e especialistas em pobreza. “O governo sabia do problema da pobreza, mas o estava escondendo”, disse Makoto Yuasa, chefe da Rede Antipobreza sem fins lucrativos. “Ele tinha medo de enfrentar a realidade.”
Seguindo uma fórmula internacionalmente reconhecida, o ministério estabeleceu uma linha de pobreza em cerca de US$ 22 mil por ano para uma família de quatro, metade da renda média de um lar do Japão. Os pesquisadores estimam que a taxa de pobreza do Japão dobrou desde o colapso dos mercados de imóveis e ações do país no início dos anos 90, provocando duas décadas de estagnação de renda e até mesmo declínio. O anúncio pelo ministério ajudou a expor um problema que os assistentes sociais dizem ser facilmente ignorado no Japão relativamente homogêneo, que não possui as altas taxas de criminalidade, a decadência urbana e as divisões raciais dos Estados Unidos. Especialistas e assistentes sociais dizem que os pobres do Japão podem ser difíceis de serem apontados, porque eles se esforçam para manter a aparência do conforto da classe média. Poucos japoneses empobrecidos parecem dispostos a admitir seu apuro, por temor de serem estigmatizados. Apesar de pouco mais da metade das mães solteiras do Japão, como Sato, serem pobres – uma proporção mais ou menos semelhante à dos Estados Unidos – ela e sua filha, Mayu, 17 anos, não medem esforços para esconder sua carência. Elas exibem sorrisos, ela disse, mas “choram por dentro” quando amigos ou parentes conversam sobre férias, um luxo que elas não podem arcar. “Dizer que somos pobres chamaria a atenção, então eu prefiro esconder”, disse Sato, que mora em um projeto habitacional nesta pequena cidade cercada por terras agrícolas planas, sem árvores, que lembram o Meio-Oeste americano. Ela disse que já tinha pouco dinheiro antes de seu marido, um operador de maquinário de construção, ter morrido de câncer de pulmão há três anos. Ela disse que as dificuldades da família começaram no final dos anos 90, quando o declínio econômico piorou aqui na ilha de Hokkaido, no norte, como aconteceu em grande parte do Japão rural. Mesmo com dois empregos, ela disse que não pode pagar uma consulta médica ou comprar os medicamentos para tratamento de uma série de problemas de saúde, como tontura e dores nas juntas. Quando sua filha precisou de US$ 700 para comprar uniformes escolares e se matricular no colégio no ano passado, uma exigência comum aqui, ela economizou para isso reduzindo suas refeições para duas por dia.
Especialistas em pobreza consideram típico o caso de Sato. Eles dizem que mais de 80% daqueles que vivem na pobreza no Japão fazem parte da chamada classe trabalhadora pobre, que recebem baixos salários, têm empregos temporários sem nenhuma segurança e poucos benefícios. Eles geralmente têm dinheiro suficiente para comer, mas não para realizar atividades normais, como jantar fora com os amigos ou ir ao cinema. “A pobreza em uma sociedade próspera geralmente não significa dormir em trapos no chão”, disse Masami Iwata, uma professora de bem-estar social da Universidade Feminina do Japão, em Tóquio. “Essas são pessoas com celulares e carros, mas que estão cortadas do restante da sociedade.” Anos de desregulamentação do mercado de trabalho e concorrência com os baixos salários da China provocaram uma proliferação de empregos mal remunerados no Japão, dizem os economistas. Além disso, esses empregos costumam não ser cobertos pela rede de segurança social ultrapassada, criada décadas atrás como um último recurso, em uma era em que a maioria dos homens podia esperar empregos que durariam a vida toda. Isso abriu uma enorme fenda na qual caíram milhões de japoneses. Um deles foi Masami Yokoyama, 60 anos, que perdeu o emprego que teve durante toda sua vida há uma década, enquanto lutava com a depressão após um divórcio. Ele teve uma série de empregos de baixa remuneração até três anos atrás, quando acabou virando um morador de rua de Tóquio. Ainda assim, as autoridades de bem-estar social da cidade rejeitaram três vezes seu pedido, porque ele ainda era um homem capaz. “Assim que você cai no Japão, não há ninguém para aparar sua queda”, disse Yokoyama, que finalmente obteve uma ajuda limitada do governo e encontrou um emprego de meio período como vigia noturno.
Ganhando grande atenção aqui estão as estatísticas que mostram que uma entre sete crianças vive na pobreza, um motivo para o novo governo ter prometido oferecer uma ajuda mensal de US$ 270 por criança e cortar o custo do ensino médio. Ainda assim, os assistentes sociais dizem que temem que os pobres não conseguirão pagar pelas escolas lotadas e outras despesas para que seus filhos possam competir no sistema de educação de alta pressão do Japão, os relegando a um ciclo permanente de trabalho de baixa remuneração. “Nós corremos o risco de criar uma classe baixa crônica”, disse Toshihiko Kudo, um membro do conselho da Ashinaga, um grupo sem fins lucrativos com sede em Tóquio que ajuda crianças pobres e órfãs. Sato expressou temores semelhantes em relação à sua filha, Mayu. Mayu quer frequentar uma escola vocacional para se tornar dubladora de desenhos animados, mas Sato disse que não tem como arcar com a despesa anual de US$ 10 mil. Mesmo assim, ela permanece otimista, mesmo que resignada. Ela disse que seu maior problema é não ter ninguém com quem falar. Apesar de saber que muitas outras famílias já enfrentaram dificuldades semelhantes nesta cidade pequena, a recusa delas em admitir sua pobreza torna impossível encontrá-las. “Na cama à noite, eu penso: ‘Como eu caí tanto? Como fiquei tão isolada?” disse Sato. “Mas geralmente eu tento não pensar a respeito.”
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2010/04/22/abalado-pela-crise-o-japao-enfrenta-a-realidade-da-pobreza.jhtm
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